quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Joalheria brasileira - Berlim 2011



21/09/2011 - Foi aberta na noite de ontem, no salão de exposições da Embaixada do Brasil na capital alemã, a maior mostra de joias brasileiras no exterior - um acontecimento histórico para o design do Brasil. A vernissage reuniu um público eclético, entre profissionais especializados, estudantes e demais interessados. Vários designers brasileiros, cujas peças fazem parte da exposição, estiveram presentes e mostraram-se confiantes de seu espaço no mercado alemão e europeu. “O público alemão valoriza o design. Ele gosta de design e reconhece o design”, afirmou a curadora Mariana Magtaz, “É encantadora a curiosidade dos alemães em conhecer o trabalho contemporâneo dos brasileiros”.
Entre os elogios mais ouvidos para as obras daqueles que “criam hoje para o arrojado mercado de luxo com borracha, madeira, semente, pena, pedra, pérola, diamante e tudo mais” (conforme palavras de Magtaz), destacam-se os que caracterizam a nova joia brasileira como madura, diversificada e surpreendentemente autêntica. “Estou impressionada com a diversidade das joias, cores e materiais que estão sendo apresentados nesta exposição”, disse Ursula Breckle, que viajou quase 700 quilômetros de sua cidade natal Pforzheim (coração da indústria joalheira da Alemanha) para Berlim a fim de presenciar a vernissage.
Já o artista plástico Gernot Bubenik, berlinense de descendência tcheca, parabenizou
entusiasmado o caráter histórico da mostra: “A exposição nos dá um contexto bem interessante. Aquele painel que mostra o objeto-joia com o qual a princesa Isabel assinou a Abolição da Escravatura no Brasil é de um valor histórico imenso. A joalheria escreveu história no Brasil.”
Uma polêmica saudável, no entanto, pôde se fazer ouvir durante a abertura do evento. “A montagem desta exposição está realmente bem feita, mas eu estava esperando muito mais cores e elementos lúdicos nas peças exibidas. Em poucas obras consigo enxergar o Brasil”, citou por um lado o renomado designer alemão de joias Rainer Wiencke.
Por outro, contudo, os brasileiros foram unânimes ao defender - com tranquilidade e soberania - sua liberdade de trilhar novos caminhos e abrir novos horizontes, além dos estereótipos internacionalmente conhecidos e repetidos: “É preciso entender que a joalheria brasileira evoluiu” (Yael Sonia), “Nós fazemos arte realmente
contemporânea” (Ana Lepsch); “Mostramos o verdadeiro design do Brasil
em suas inúmeras facetas” (Willian Farias); “A diversidade é a cara do Brasil” (Liora Czeresnia); “De certa forma, o DNA do brasileiro está sim
impregnado em todas as joias aqui exibidas” (Denise Queiroz).
Mas não só os designers presentes ecoaram tal ponto de vista. “Gostei desta exposição porque ela traz joias individualmente excepcionais e autênticas”, falou Paulo Ventura, proprietário brasileiro de uma galeria de arte no centro da cidade, “Não é porque temos qualquer fama que temos de sempre usar esta ou aquela cor; este ou aquele material. Esta mentalidade está por fora. Nem o nacionalismo nem os clichês podem estar acima do design, da individualidade e da criatividade”.
O diplomata brasileiro e ministro da Embaixada em Berlim, Roberto Colin, também mencionou: “Não adianta esperar cores tropicais e papagaios. Isso é arte contemporânea, na qual o artista dá asas à sua criação. Esta mostra é uma oportunidade de apresentar o diferente do habitual, do estereótipo; é uma chance de exibirmos aquilo que a maior parte dos alemães ainda não conhece.”
O alemão Gernot Bubenik concordoudizendo ser “lógico” que o design brasileiro tenha a mistura no sangue e a ousadia na execução. “Aqui na Alemanha não se vê peças como estas.Os brasileiros têm um sentido apurado, um talento e uma sensibilidade única, para lidar com qualquer matéria-prima. Posso imaginar que exista de norte a sul da Alemanha um mercado promissor para as joias brasileiras.”
“Os alemães já reconhecem a nossa joia como uma joia de qualidade. Por isso é positivo iniciarmos novos contatos e começarmos pela Alemanha a mostrar mais o design contemporâneo do Brasil na Europa.
A exposição reúne joias de 55 designers de diferentes estados brasileiros e painéis que abordam a história da joalheria no país para o público alemão. A mostra pode ser visitada até o dia 21 de outubro.

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